quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Narciso.


Vê. Vê se para de esperar o que eu deveria fazer, para de botar padrões nos meus sentimentos, para de olhar pro espelho e me ver, para, pensa. Não deixe que as outras pessoas, as revistas, a TV, pense por você e te diga como eu deveria agir, deixa-me ser, não me prenda, não me siga, não me deixe. Será que não olha pros lados? Percebe que não posso ser tudo que espera? Não espere que eu aja como os outros, eu posso ser como eles, mas sei olhá-los de cima, eu tenho meu jeito, e ele não é, e nem vai ser como o seu, será que um dia entende? Para de cobrar, entenda que já fui muito mais além do que fui com outro qualquer, que tirei pedras e pedras do caminho, e elas eram tão pesadas, mas você, de longe, do seu mundo não via os seus tamanhos, o meu jeito, o meu modo, o meu ato, foi com você e por você, mas parece que seus olhos estão virados pra dentro, você se vê, não olha ao redor. Eu digo, é egoísmo, não se pode querer dois de si mesmo, nem cobrar no outro as suas próprias qualidades e defeitos, não é possível saber o quanto o outro sente, o que o outro pensa, o que o outro passa, como ele vai reagir... Deixa-me ser, não me prenda, não me siga, me deixe. Não espere que eu largue o mundo, que eu tampe os olhos e só abra quando for ver o seu rosto, que eu morra de amores e viva por você, não espere... Não me cobre amor incondicional, beijos delirantes, vontades feitas, respiração ofegante, não me cobre... Eu entendo agora por que cansou, é essa sua mania de esperar demais, e notar de menos, notar que o nada pra você, é o tudo pra mim, que o não se importar pra você, é ligar demais pra mim, que o não feito pra você, é o tudo pronto pra mim... Talvez quem cansou mesmo fui eu, cansei de correr e notar que todos estavam parados, e eu fui sozinha, deixando as coisas pra trás. Revire os olhos, pare de esperar, e quem sabe o seu cansaço, e a sua dúvida, se esgotem. É só. Vê.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Fique.


E mesmo que você diga “eu vou”, eu digo que fico. Fico pra saber como as coisas vão andar e se o presente sente falta do passado, fico por ficar, na ânsia persistente de arriscar o tão indeciso protesto contra o orgulho. Vejo-te seguindo, mas você acha que retrocede, que fica pra trás, mas estais tão a frente, tão distante... Se virar as costas, me verás, esperando por ter ficado, por dúvida, por medo, por tempo, por indecisão. Não foi, nem fiquei, mas o aviso prévio sempre ajuda, mesmo que sem certeza, e se acontecer, entenda e permaneça.

sábado, 6 de agosto de 2011

Puzzle.


De repente tudo tem se tornado pedacinhos de uma grande coisa, onde eu tenho que encaixar cada figura, mas existem peças muito parecidas, e os erros são constantes, não que eu deixe de tentar, mas a persistência às vezes é demasiadamente cansativa. Em alguns momentos acho que nunca transformarei tantas pecinhas em um grande feito que eu possa entender o sentido de tanto esforço, outras vezes parece que tudo se encaixa tão bem que o trabalho se torna cada vez mais prazeroso, mas sempre acho que está faltando uma peça, quando nenhuma das tentativas dão certo, quando o estoque de possibilidades já acabou, quando a mente já não aborda mais idéias, a única saída é acreditar que a culpa não é sua, que está faltando algo, e você não pode fazer nada mais por isso, então parte para outra parte desse joguinho tão complicado, e por algum motivo, tempos depois, você encontra aquela pecinha que faltava, e tudo agora parece fazer sentido, e aos poucos aquela imagem que passa tanto tempo construindo vai se formando, e você sente um orgulho por ter sido você quem a montou... Mas muitas figuras não são construídas por completo, seja ela por desistência, ou por ironia do destino. Por isso, devemos montar cada pecinha com vontade e persistência, pois nunca saberemos se vamos ter tempo o suficiente de monta-la por completo, afinal, a vida é um quebra cabeça, onde cada parte são suas atitudes, seus sentimentos, suas vitórias, perdas, pessoas, e ele nunca se construirá sozinho.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Monólogo.


Oi. Tudo bem? Tô indo... Por que tô indo? ah, cansei de ficar parada, esperar as coisas, deicidi ir. É, geralmente entro pela madrugada, é mais calmo e mais bonito aqui, livre de muito congestionamento e impasses. Se estou chateada com algo? É, estou, parece tão obvio assim? Quer mesmo saber qual o motivo? O motivo é você, é como tudo tem andando, são as dúvidas que surgem a cada segundo, assim como você na minha cabeça, são suas verdades que ficam óbvias que não passam de mentiras, é seu jeito que tanto me encanta, me envolve, e depois seus gestos e palavras que me distânciam de você, é sua vontade que não se move, não se faz presente, é seu desleixo comigo, a diferença do nosso passado, a mudança de comportamento, sua boa reputação e suas atitudes tão falhas, é tudo que vem de você e não me faz bem, são essas coisas que me deixam chateada, mas são só preocupações minhas, nada que você possa resolver. Não sabia de nada disso? É, até pouco tempo eu também não, mas sabe quando a gente acorda e esquece de levantar? É exatamente assim, eu fui prevendo que tudo isso podia acontecer, mas me acomodei com a situação, e chegou ao ponto que eu já vi tudo isso e precisei parecer a mais sínica com você pra poder te dizer tudo, e sabe por que? Por que não quero parecer aquilo que não sou com você, não quero invadir o que é só seu, e não tenho coragem de fazer com que fique com raiva de mim. Desculpa? É a única coisa que não quero de você, por que você não fez nada, não é mesmo? A gente nunca faz nada, e é isso que incomoda os outros, a nossa falta de atitude, o nosso primeiro passo não dado... então não me venha com desculpas. Eu sei que não sabe o que dizer, mas eu falo por nós dois, por que por todo tempo foi assim que aconteceu... mas sabe de uma? Vai ser diferente, por que você pode ficar com seu silêncio, mas agora sozinho, por que tô indo...tô caindo fora disso, onde a única que estava incluída, era eu.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Said e Dias.


Existem dias, e dias. Quando começa o dia, você nem imagina se ele será bom ou ruim, se haverá surpresas, ou se será apenas mais um monótono. Tem dia que parece simplesmente que o mundo ta contra você, tudo ao avesso, que nada vai do seu jeito, que tudo parece atrapalhar, esses são os chamados dias ruins, que é quando parece que ninguém te enxerga, e que quando enxergam, fazem pouco caso, quando surgem problemas de onde deveria ser solução, que o que já estava decidido, decidiu criar dúvidas, que a fila está enorme, que o dinheiro acaba, que o trabalho stressa, que quando está pronta pra sair começa a chover, é quando todos decidem desistir da festa, o namorado não te liga, o ficante não atende o celular e depois aparece namorando, é quando você chora e percebe que nada do que faz adianta, e reza para o dia passar, mas a insônia ataca... Certos dias ruins assustam e dá medo do dia seguinte. O dia termina, e vem um bom dia, aquele que você acorda com uma mensagem de "eu te amo, tenha um otimo dia, guria.", que sai, veste aquela calça que adora, mas não vestia à tempos, e quando coloca a mão no bolso encontra uma nota de dinheiro, que você passa e todos olham como se fosse a mais bonita do mundo, que consegue milhões de vendas e propostas no trabalho, que quando ta pensando em alguém, esse alguém te manda uma mensagem dizendo justamente o que queria ouvir, que descobre que ta amando e é reciproco, que seu time vence a final do campeonato, que ao final do dia vai dormir com um sorriso na cara, pensando o quanto aquele dia poderia durar, talvez pra sempre? Não, não poderia. E sabe por que? Se vivêssemos apenas de coisas boas, como poderiamos valoriza-las? Não saberiamos qual seria o outro lado, e o que é bom, se tornaria monótono e chato, e viveríamos então só de coisas ruins...Existe sempre os dois lados, de qualquer que seja a referência, por que nunca somos um só.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Idealização.


A gente pensa. Nos decepcionamos, por que muitas vezes não é como pensamos, e debate na nossa cabeça o pensamento, de talvez um dia pensar ser o que queremos.

Ao contrário.


A noite se esvai, talvez não queira, e não vai, apenas muda-se, e nós tolos, saberes de tudo, achamos que se foi,nem correndo na completa agonia a alcançaremos, mas se esperarmos, ela institivamente nos encontra, é como certas coisas, se nos mantermos atrás, ela nunca alcançará, mas se esperarmos, desde já, de bom grado, ela deita-te ao teu lado.

Leis.


Vai saber das coisas da vida, vai que em um dia normal olhe pra alguém na rua, e depois de alguns anos é com ela que está casando, que o que disse que nunca iria fazer, hoje faz parte de sua rotina, que quem odiava é agora quem mais precisa... É tão certo dizer que apesar de nunca sair do lugar, o mundo dá voltas!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Filiação.


Hoje estive a lembrar de algumas poucas palavras vomitadas no meu ouvido por um bêbado a um bom tempo atrás, não que tenham sido nojentas, mas foi como se precisasse jogá-las para fora pra tentar algo que já não conseguia de outra forma. Ele em seu estado consagrado de pureza pela bebida, disse exatamente o que eu queria ouvir, e bom, não funcionou, o que quero ouvir é precisamente o que não deves falar para mim, afinal, é só um parâmetro de teste. Lembro exatamente dessas palavras: Você é diferente, não encontrei ainda alguém como você, que fizesse sentir-me assim, você sabe que não é igual as outras, e faz pra provocar... O resto não me recordo, mas isso já conclui o meu pensamento. Hoje tantos lutam para serem iguais, mesmos gostos, mesmos rostos, mesmas roupas, mesmos trouxas, mesmo cabelo, mesmo cérebro, mesma gente... E esperam tanto de alguém palavras que tantos outros esperam. Lutam para serem iguais e sonham o dia que alguém vá lhes dizer o quanto são especiais, que são diferentes de todos, que singularmente são ímpares. Não entendo essa geração de tantas figuras de linguagem, de tantas contradições, de tantos mesmismos, e de poucas personalidades e singularidades, e vou deitar-me todos os dias sem saber como dar o perdão a minha sucessão.

domingo, 27 de março de 2011

Para a minha vida, o meu herói.


Não tem nem mais um dia que eu não pense me você, que não sinta a sua falta... Falta de brincadeiras, dos seus poucos sorrisos, da forma como me chamava de moleca, de como seu amor era exposto por mim, da forma como sempre me mimou, do seu jeito super protetor comigo, da sua paciência quando a minha estava em falta, sinto falta até de suas proibições, de quando dizia que algo não tava certo, quando me negava algo, e no dia seguinte já estava com o que eu pedi... Talvez eu tenha feito pouco por você e nunca disse e nunca poderei dizer o quanto eu te amo, pois seria insustentável, inenarrável, impossível, dizer tantos sentimentos que tenho por você. Hoje sei que não posso resgatar todos os anos que não fui o seu orgulho, o seu prazer de se manter de pé... Eu nunca deixei de te amar, até mesmo quando me decepcionava com você. Existia coisas que sei que não entendia, e eu... nossa eu nunca estava satisfeita com você, por mais que você fizesse tudo por mim, e não sabe o quanto me arrependo disso! Hoje percebo que ficar sem você por cinco minutos parece tortura das mais pesadas, que não ver o seu sorriso me dói, que não sentir o teu toque me aflige, que ouvi suas palavras, mesmo que baixinhas me confortam pelo resto do dia, que pensar em não ter você me leva a fazer loucuras, a viver na forma mais angustiante possível! Eu peço a Deus que nunca tire você de mim, que eu possa morrer sem sentir a dor insuportável de te perder, ou que pelo menos eu possa mostrar da forma mais digna e compreensível possível que você é muito, muito mais que alguém que me marcou, você é a minha vida, um dos mais preciosos sentidos dela, que sem você nada mais parece fazer sentido, e se um dia me deixar, eu juro, não saber o que fazer, pra onde seguir, como seguir... Não há nada que me doa tanto quanto sonhar em te perder, me manter longe de você, não ver a sua serenidade, o seu imenso e mais profundo amor comigo. Eu sempre soube que sou a sua preferida, e você nunca fez questão de esconder isso, e acho que sabe que é meu preferido também, que é, e sempre vai ser, eternamente o meu mais lindo, mais corajoso e mais sublime, herói.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Indefinível.


Quando não se tem a definição exata de algo, nós damos o significado que mais nos convém, mas mudamos, e com isso nossa definição de algo também muda. Existem sentimentos que chegam a machucar-me de tão fortes, que me fazem sentir uma dor enorme por não conseguir de qualquer forma expressá-los. A admiração geralmente é algo que evito ao máximo, pois sei que meus sentimentos são extremos, e jamais, em hipótese alguma conseguiria expressar minha admiração por alguém. O amor é algo muito delicado pra mim, o trato com escritas, mas raramente com palavras ditas, não sei o que dizer quando me bato de frente com ele, ele sabe muito bem como me olhar e fazer com que eu siga os seus propósitos, e sabe também o meu ponto fraco, e como me deixar sem graça. Na verdade eu nunca o vi, mas ele, mesmo sem estar por perto faz com que eu me sinta ao seu lado. De nada nessa vida se leva certezas, e por isso é tão interessante manter-se aqui, as coisas “aguçadas” acabam te dando mais prazer e você percebe que tudo não passa de uma breve ilusão.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Certa vez o tempo me disse...


Não posso te curar, mas posso fazê-la esquecer, o que não se esforça pra lembrar. Neste exato momento eu me perguntava por que tudo não poderia acontecer a meu modo. Estava andando em um parque, havia um lago e uma roda de garotos tocando violão, sentei em um banquinho branco, observei, percebi o quanto da vida havia perdido apenas por acomodação, vontade não me faltava, me faltava fúria, disposição, apoio. Eu sempre quis ser essas pessoas sem rotinas, que de repente acordam um dia e falam “Vou viajar, não sei pra onde, mas vou”, pega suas coisas e vai, simplesmente segue, acampam com um cara que acabou de conhecer e que se torna o cara de sua vida, fica sem comida, sem água, sem luz, faz um lual, seu banho é a praia, seu esporte é amar, tocar e curtir, seu hobbie é não ter um hobbie... Tudo isso não passa de idealizações, e eu me perguntava insistentemente “Por que tudo não poderia acontecer a meu modo?” e veio a resposta, sentou-se ao meu lado e disse “Tudo aconteceu ao seu modo, suas escolhas foram o seu modo de viver”, eu só sorri, sorri por fora, mas por dento lamentava. Eu sei o quanto me dói não me importar com o que é tão importante, e como sempre faço, me acomodei com a idéia de que com o tempo eu mudaria, e que isso seria apenas mais um término, e ao sair dei de cara com o tempo que me olhou sarcasticamente e disse “Não posso te curar, mas posso fazê-la esquecer o que não se esforça pra lembrar”. Proposta tentadora e que não penso em recusar, fica aqui, guardada, e vou me tornando uma garota de negócios.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Rumo por dentro.


O amor eu levo calado
Não deixo de lado
Só não exponho o ar tão sonhado
De viver acima de tudo.

domingo, 13 de março de 2011

O que faz de mim eu mesma.


Não posso me ver inteiramente, não tenho certezas sobre
nada, não sei de muito.
Sou como esponja, absorvo muita coisa, mas quando me encho
demais solto o que sobra. Não gosto de quase nada e o que gosto, eu
verdadeiramente gosto, muito profundamente. Não sou do tipo de pessoa que você
se impressiona, mas que se você conhecer inteiramente vai ver que existe algo
pouco interessante e muitos sentimentos, mesmo que não muito bons. O que mais
me irrita é falta de personalidade, cópia e afins, e o que mais me surpreende é o amor. Sou geminiana nata, adoro liberdade, coisas excêntricas, música, poesia e letras, sou muito, mas muito orgulhosa, não me apego fácil e largo as coisas com mais
facilidade ainda, me acham fria, mas sei ser quente quando quero, posso debater
horas e horas com você algo que me interessa, carinho é comigo mesma, mas nada
de muito romance, adoro ser surpreendida positivamente, de escrever, tocar
violão, de acampar, fazer das rotinas algo divertido, diferenciar sempre, ver a
noite, sentir o ar doce da manhã, gosto de animais, de ver felicidade, de ficar
sozinha e de um bom e verdadeiro amor pela manhã, e se der ao entardecer também.
Pra me fazer gostar de você, faça o que nunca fez com ninguém e me contrarie as
vezes, isso vai me fazer pensar em você. Não sou de correr atrás, te procurar
ou te amar facilmente, vou te contrariar e sorrir pra parecer simpática, posso
muito provavelmente te magoar e irritar, mas se não fosse isso, ficaria
monótono tudo em nós. Sonho em ser uma publicitária de sucesso, e de fazer da vida um sonho. Então... Estaria mentindo se dissesse que fechar negócio comigo é algo bom.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Curso

Nada muda-se completamente, tudo mantém a sua essência.

Crônica de amor.


Nasceu, saudável, 3 Quilos e 50 cm, muitos sorrisos se abriram, outros, nem tanto, mas ela não poderia perceber. Não sabia até ali o que lhe aguardava.
Nunca foi uma garota ruim, mas nunca se desfez de suas vontades.
Seus pais não gostavam do seu jeito, sempre reservada e pouco divertida, tinha amigos, mas eles não poderiam compreender o que nem ela conseguiria, então preferia ficar só.
Sua vida não parecia a das mais padronizadas, mas ela gostava apesar das distâncias. Era inteligente, mas não apta, isso dificultava um pouco as coisas, mas bem, ela também não se importava.
Ela levantava as 6h00min da manhã, mas acordava sempre às 4h40min para poder ver o dia nascer, arrastava seus pés até o banheiro, mas sem nenhum tipo de barulho, não queria ver o olhar de desgosto dos seus pais pela manhã, escovava os dentes, tomava banho, penteava seu cabelo sem muito gosto, mas sempre parecia linda, trocava a sua roupa, pegava a sua mochila, descia até a cozinha, tomava um copo de leite e lançava um suco em caixa na sua bagagem. Saia um pouco mais cedo que o necessário, mas adorava ver as senhoras vaidosas passeando com seus cachorros exaustos de tédio e mesmice. Odiava condução, por isso preferia ir andando, era logo ali mesmo. Ela era bonita, mas não digna de muita atenção, e adorava isso. Ao chegar a escola sempre sentava em baixo de uma amendoeira, não sabia o risco que corria de uma dessas frutinhas cair em cima de sua coragem, pegava algumas musicas e ia fazer as suas interpretações, sempre se surpreendia com algumas maldosas e amáveis mensagens subliminares que algumas traziam em suas entrelinhas. Sinal tocava, aula. Tinha um professor que ela sabia que ele a notara, e era um dos poucos, bem poucos que assim faziam. A volta pra casa era sempre menos digna de felicidade. Almoçava com seus pais, contava o seu dia por costume, subia ao quarto e arriscava algumas notas no violão, estudava, escrevia sua trajetória em pele de outra num pequeno caderno, sempre achou isso pouco original, mas se sentia bem. A noite fazia o que lhe agradava, sem rotinas a essa hora.
A situação em casa andava piorando, ela crescia, se tornava cada vez mais distante, talvez ela nunca tenha sido criança, mas seu tamanho aumentara e isso significava para seus pais que ela deixou de ser a menininha na qual não era do papai. Dava-se bem na escola, era seu ultimo ano, seu ”único professor”, assim como ela o chamava, arriscou um “olá”. Ela retribuiu simpática e surpreendida. Ele apenas sorriu e tornou-se parte da multidão. Não chegou a entender este momento, mas também, não chegou a pensar nele.
As coisas começaram a ficar cada vez mais complicada, ela não falava mais com ninguém, não ia a escola, seu enorme e aprimorado talento com o violão foi deixado de lado, seus cadernos com histórias não de corpo, mas de alma foram jogados na gaveta, sua cama sempre a guardava, e unicamente a acompanhava.
Seus pais viram ali a oportunidade de jogá-la em um espaço para pessoas com problemas sociais, muito parecido com um hospício. Assim foi feito.
Todos os que a “rodeavam” souberam, e como já prevíamos, não se importaram.
Nunca foi agressiva, em momento algum, muito pelo contrário, sabia defender-se amavelmente. Sua chegada ao “lar” foi comum, remédios, perguntas aos pais, quarto pouco confortável e uma garrafa de água ao lado. Ela ficava a vontade apesar do ar obscuro que aquele lugar mantinha, não tinha seus pais a julgando, discursando sobre o que ela tinha causado na vida deles.
Com o tempo passou a habitua-se ao local e mantinha como diversão observar um garoto intrigante, interessante e estranho que ela havia notado, ele parecia manter o mesmo jeito que seu “único professor”. O garoto não era bonito, tinha um cabelo negro baixo, pele branca, olhos escuros, barba por fazer, corpo magro, mão pequena, e um ar de mistério, ela sempre gostou de mistério, isso a fazia imaginar, criar vários personagens em uma só pessoa, sem nem ao menos saber quem era, e ir se descobrindo e descartando as hipóteses aos poucos. Nunca tentou nenhuma aproximação com ele, não via necessidade, adorava toda essa história dele formada por ela.
Dia de visita, esperou ninguém, ninguém veio. Ela teve uma impressão estranha de ver a imagem de seu professor passando, ficou com aquilo na cabeça, mas imaginou que talvez o garoto que ela estava estudando estivesse causado isso. Os dias iam passando lentamente ou rapidamente, ela já tinha perdido a noção disso, mas não era doente, e sabia disso, só era reservada demais para a sociedade, e não ligava de estar ali, afinal, era um lugar reservado, assim como ela.
O garoto vivia só, não se preocupava em persuadir ninguém, andava com algumas folhas atreladas a ele a algum tempo, sempre as lendo, e ela pela primeira vez em sua vida tinha curiosidade de algo, de ver o que ele carregava assim, atrelado, o que parecia ser tão importante, importante ao ponto de em uma tarde o fazê-lo sorrir, sim, ele sorriu! Ao ver esta cena ela não se conteve, e como um impulso, aproximou-se dele e olhou em seus olhos, e só ali, pode ver que ele era ela, que a única coisa que o fazia sorrir, era o mesmo que a fazia sorrir também, a música. Nas mãos do garoto havia letras e algumas cifras misturadas, e ao ver ela sorriu, sem dar nenhuma palavra, afinal, seria mesmo necessário palavras? Ela se convenceu que não.
No dia seguinte ela pôde notar que ele a observava, não gostava de atenção, mas a dele não parecia incomodar. Cada detalhe de cada um ia sendo notando a determinada medida que o tempo ia se esvairando, e a primeira palavra foi dita por ele, arriscando um simples “olá”, sendo retribuída espantosamente por ela.
Dia de visita, hoje sem saber por que razão, ela esperou por alguém, foi até uma pequena sala onde havia um piano e sentou-se ao lado do instrumento, esperou, esperou, mas mais uma vez ninguém veio, saiu decepcionada, não por ninguém ter vindo, mas por ela ter esperado alguém que não viria, ao passar pelo trajeto até o quarto, viu o garoto conversando com um rapaz, e notou mais uma vez a paz do sorriso em seus lábios, e neste mesmo instante, se viu sorrindo com um aperto no coração, e ao recomeçar o seu trajeto, notou alguém segurando a sua mão, ao virar-se, viu o seu “único professor” e a mão do garoto sobre a sua, espantou-se, e demorou a acreditar no que via, e como um instinto, abraçou fortemente o seu professor, mas abraçou como jamais havia abraçado alguém, como se entregasse todos os sentimentos bons, como se deixasse todas as suas angustias, medos e anseios para trás, e permaneceu assim por alguns minutos. O garoto ficou estático, não sabia o que estava ocorrendo, e então ela explicou que o conhecia da escola, e pra ela, ele era o único professor da mesma, e logo depois o professor pode dizer:
- Você sabia que eu a notava, e agora sabe o motivo. Este garoto é meu filho, e não há nada no mundo que eu ame mais, ele foi retirado de mim com três anos pela mãe, e a só dois anos atrás eu consegui encontrá-lo aqui, perdi toda a vida de um garoto que é tudo pra mim, e com isso, perdi a minha vida também, hoje ele completa 18 anos, e luto na justiça pela sua guarda para que eu possa retirá-lo daqui, tenho que vê-lo mensalmente, e não há nada que doa mais que ver aquilo que é a sua vida, distante de você, sem que você possa fazer nada para mudar isso. Em você eu via meu filho, e talvez por isso eu tenha passado noites pensando em onde você estaria, assim como passei noites pensando o mesmo dele. Você não aparecia mais nas aulas, seu jeito me fazia falta, fui atrás de você, perguntei aos seus pais, e eles não foram muito gentis comigo, e hoje, não há nada que me deixe mais feliz que ver meu filho, e você, juntos e tê-los comigo.
Ela não sabia o que dizer depois de ouvir aquilo, e sua única ação foi chorar.
O horário de visita acabara e eles precisavam voltar às angústias diárias, dessa vez estava sendo mais difícil, mas era necessário. Ao sair o professor a olhou e disse:
- De nada adianta preocupar-se com aquilo que não lhe é interessante, afinal, se isso ocorrer, será só um problema sem solução.
Ela achava que aquilo não cabia em nada, e passou dias pensando e a conclusão nenhuma chegou.
O garoto compartilhava suas músicas e pequenas cifras com ela, mas ela nunca conseguiu arrecadar coragem para tocar em seu violão mais uma vez. Tocar resgatava uma nostalgia que não lhe era aconchegante, e assim deixava a sua dor tomar conta do seu prazer.
Um ano se passou, e em um determinado dia de visita o seu professor trouxe a notícia mais feliz/triste que poderia se dar, ele conseguiu a guarda do garoto e o levaria dali consigo. Feliz seria ver a felicidade dos dois, pois eram seus sonhos realizados, e triste seria a sua única companhia, e razão de felicidade, estar indo embora. O professor não deixou de notar essa ambigüidade no rosto da garota, a abraçou chorando e sussurrou em seu ouvido:
- Eu tenho uma surpresa pra você, garotinha.
Ela simplesmente fechou os olhos, sorria e chorava ao mesmo tempo.
- Eu consegui a sua guarda também, e você irá conosco.
Nada poderia ser mais exagerado que a tamanha emoção sentida, e a família abraçava-se. Todos do local não conseguiam conter os sentimentos, e a garota saiu correndo para arrumar as suas coisas, ao voltar trazia apenas o violão e uma folha de papel, e disse:
- Não conseguia fazer aquilo que mais me dava prazer, o motivo por eu continuar seguindo, e deixava a dor superar o que ainda havia de bom em mim, mas agora tocarei, para que eu lembre disso aqui como forma de aprendizado, e grave este momento para que toda vez que tocar lembrar que podemos amar muitas pessoas e nem ao menos ser notada por elas, mas muitas vezes temos pessoas que nos amam e estão nos protegendo de todo o mal, e superando esse amor que não recebemos, e passamos a vida sem saber, por isso... De nada adianta preocupar-se com aquilo que não lhe é interessante, afinal se isso ocorrer, será só um problema sem solução.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Previsível

Mente fraca, coração vazio, o medo engana e devora.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sentido, capitão!


Temos tantos clichês pra vida, como ela se passa, como as coisas nos transformam, mas talvez seja a forma como temos de mostrar o que nos é um enigma de fato.
Independente de qualquer coisa, todos temos momentos oscilantes, eles nos causam alegrias mesmo sendo tristes, ou tristezas, mesmo sendo alegres, e muitos nos fazem mudar para sempre, nos levando pra frente com novos momentos que parecem ser repetidos.
Certas situações nos mostram como devemos agir, naquele momento, ou em situações adiantes, e dessa forma vamos construindo ou reconstruindo nossa personalidade, nos tornando mais resistentes, mais aderentes, mais frios, mais vulneráveis, mais amorosos ou mais nós mesmo. Na minha forma de ver, nunca haveremos de nos encontrar, viver somente aquilo que já havíamos pré-destinado, somos como um espelho, refletimos nós mesmos, mas não igualmente, deixamos muitas vezes de ver coisas, não conseguimos olhar atrás de nós e muitas vezes, nem a frente, certo dia nos sentimos tão bem, já outro preferimos nem passar em frente a ele.
A nossa resistência é fruto daquilo que passamos e não queremos repetir, ou até daquilo que imaginamos não querer passar, ela pode nos fazer bem, nos livrar de muita coisa, mas muitas vezes no faz deixar de aproveitar aquilo que poderíamos entrar de cabeça, mudar o curso da vida, seguir um caminho diferente, não que isso nos impeça de traçar outro caminho, mas nos impede de aproveitar o que poderia ter sido traçado.
Posso não ter vivido anos, ter as mais diversas experiências, ser exemplo para alguém, dado os melhores conselhos, mas acho que já passei por inúmeras coisas que me fizeram crescer tanto quanto qualquer pessoa que já esteja no fim da vida. Eu descobri, amei, sorri, chorei, percebi, fiz, arrependi, magoei, fui magoada, me escondi, me sobressaí demais, e tive tanto, tanto medo que deixei muito passar, assim como me encorajei demais e fiz e fui até onde pude. Sei que não apreciei nem um terço do que ainda posso, mas sei também que o que fiz me tornou o que sou, e me orgulho disso, mesmo que muitos não entendam e não saibam o por que sou dessa forma. Que venham mais decepções e alegrias, afinal, é pra isso que estou aqui

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mais um término de palavras.


Eu nunca termino de dizer, nunca termino uma opinião, sou como uma biografia de uma pessoa viva, e isso de certa forma me incomoda.
Bom, mas uma vez eu vou me explicando pelo blog, por não ter terminado de falar.
Não sou como um suprimento, sabe? Eu não posso suprir sua carência, sua falta de atenção e nem posso ser a solução para os seus problemas, me desculpe por isso. Passei por algumas experiências que me deixaram, vamos de dizer, com uma casca protetora, e imagino que quanto mais distante de uma pessoa, quanto menos declarações e suspeitas, eu me protejo de mágoas e anseios antecipados. Com você não foi diferente. Você nunca foi como alguém que eu desejasse, mas fez-me sentir bem, e isso me deixou tempo suficiente contigo, mas o fato de você não aceitar essa minha distância nos afastou, e como eu já havia planejado, tudo acabou. Eu não te liguei no dia seguinte, pois havia ficado chateada com você, por algo que você tinha me pedido não ser cumprido por você mesmo, e também por que sabia aonde iria, mas da segunda parte eu não me importei muito, só me importei pela incapacidade de cumprir o que você mesmo fala e pela mentira que continuava a me contar mesmo eu sabendo a verdade. Eu gostava de ter alguém do meu lado, e desculpe, mas a verdade é que não me importava se era você ou outro, na real mesmo, eu queria que fosse alguém específico, e sabia que você queria que outra estivesse em meu lugar, e como eu disse, o nosso erro foi tentar uma relação em que ambos estávamos com o coração ocupado, cheio de esperanças do passado. Eu soube muito de você, mesmo sem você saber, e tanta coisa assim, foi me afastando de ti, e eu já não me importava mais se você vinha, só queria mesmo alguém pra poder mandar mensagens à noite, falar que estava com saudade, ligar em um dia chuvoso, difícil e contar meus problemas e saber que não se importaria com isso, tudo isso no lugar de não poder ligar pra outra pessoa do passado e dizer que ainda gosta dela, e que foi com ela que escolheu pra passar o resto da vida. Eu não sou de ligar, procurar, ficar em cima, sentir ciúmes, pedir várias vezes à mesma coisa, e bom, você sabia disso desde o começo, e isento minha culpa de qualquer dano causado, afinal, quem quis seguir em frente foi você, dando sempre suas iniciativas e querendo me iludi com tantas palavras inacreditáveis, que ainda bem, eu já conhecia. Você me fez bem, e não me arrependo de ter construído isso com você, por que nenhum dano você me causou, graças a essa minha distância. Não pretendo ter nenhum tipo de envolvimento com você, mas nem por isso, “Imagine que te quero mal, apenas não te quero mais”. Sem raivas, ressentimentos ou preocupações, só um pouco de decepção quanto ao que eu pensava de você. Foi bom ta contigo. Sem mais.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Insatisfação.


Não importa o quanto uma coisa esteja sendo boa, ela tem que parar, não importa quanto tempo temos, ele sempre vai parecer pouco, não importa quantas pessoas temos ao nosso lado, haverá sempre o nosso momento de solidão, não importa o quanto amamos, sempre vamos nos machucar, não importa o quanto temos, sempre precisamos de mais, e por fim, não importa.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Maior.


Estive em certos momentos pensando, qual será o maior sentimento, a maior dor, o maior prazer, o maior sofrimento... E todos os caminhos e conclusões chegam a uma só coisa.
Ao meu modo de ver, a maior dor, é a dor da impotência. Nada pode doer tanto quanto a sensação de não poder fazer exatamente nada por aquele alguém que ama, e de ficar estagnada rente ao que te incomoda mais profundamente. A dor de não poder diminuir uma distância, de não poder amenizar o choro de um amigo, de perceber que somente chorar ao lado de seus pais não vai mudar nada, de não poder correr atrás do amor da sua vida por que não há formas de seguir com ele, a enorme dor de ver quem mais se ama morrer e não poder ir em seu lugar, nada doi mais que a impotência, a sensação de inutilidade diante do que se ama.
O maior prazer é aquele de estar apaixonado, de ver o mundo como ninguém consegue, de ver graça até em tristezas, de notar que tudo a sua volta é tão romântico, e você nunca percebeu, de ver que cada gesto de quem se ama é o mais lindo, que cada palavra é importante e vai demorar para se esvairá, e nota que nada fazia sentido até você encontrar aquele alguém.
O maior sofrimento é aquele de ver quem se ama partir, é saber que não adianta o que se faça nunca mais o verá, que não vai tê-lo mais em seus braços, que cada momento que viveu ao seu lado não foram o bastante e nunca seriam, que se pudesse aproveitaria muito mais e de forma mais intensa, que não se muda a lei da vida, e da mesma forma que vimos, vamos.
E o maior sentimento, é aquele que transforma todos os caminhos em um só, que muda todo o pensamento, que pode transformá-lo em quem nunca pode ser, que faz você enxergar o que nunca esteve explícito, que move o curso da vida, sentimento esse que te faz sorrir, que te faz viver, sonhar, e poder apreciar cada momento com aquelas pessoas que você escolheu estar ao seu lado, aquele sentimento que se resume tudo em uma só coisa, que não importa o que se passe ele sempre será o mesmo se for verdadeiro, é sim, o amor.