quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Narciso.


Vê. Vê se para de esperar o que eu deveria fazer, para de botar padrões nos meus sentimentos, para de olhar pro espelho e me ver, para, pensa. Não deixe que as outras pessoas, as revistas, a TV, pense por você e te diga como eu deveria agir, deixa-me ser, não me prenda, não me siga, não me deixe. Será que não olha pros lados? Percebe que não posso ser tudo que espera? Não espere que eu aja como os outros, eu posso ser como eles, mas sei olhá-los de cima, eu tenho meu jeito, e ele não é, e nem vai ser como o seu, será que um dia entende? Para de cobrar, entenda que já fui muito mais além do que fui com outro qualquer, que tirei pedras e pedras do caminho, e elas eram tão pesadas, mas você, de longe, do seu mundo não via os seus tamanhos, o meu jeito, o meu modo, o meu ato, foi com você e por você, mas parece que seus olhos estão virados pra dentro, você se vê, não olha ao redor. Eu digo, é egoísmo, não se pode querer dois de si mesmo, nem cobrar no outro as suas próprias qualidades e defeitos, não é possível saber o quanto o outro sente, o que o outro pensa, o que o outro passa, como ele vai reagir... Deixa-me ser, não me prenda, não me siga, me deixe. Não espere que eu largue o mundo, que eu tampe os olhos e só abra quando for ver o seu rosto, que eu morra de amores e viva por você, não espere... Não me cobre amor incondicional, beijos delirantes, vontades feitas, respiração ofegante, não me cobre... Eu entendo agora por que cansou, é essa sua mania de esperar demais, e notar de menos, notar que o nada pra você, é o tudo pra mim, que o não se importar pra você, é ligar demais pra mim, que o não feito pra você, é o tudo pronto pra mim... Talvez quem cansou mesmo fui eu, cansei de correr e notar que todos estavam parados, e eu fui sozinha, deixando as coisas pra trás. Revire os olhos, pare de esperar, e quem sabe o seu cansaço, e a sua dúvida, se esgotem. É só. Vê.