sexta-feira, 2 de julho de 2010

Interior.


Quero ir aonde o vento for, fugir de casa, ter um segundo amor, dizer eu te amo sem precisar mentir, conhecer tudo e todos, morrer de felicidade, rir até a barriga doer, não ter medo de chorar quando não se pode, viajar sozinha e sem rumo, parar em um local onde jamais pararia, fazer amizades a cada olá dito, pintar o cabelo de todas as cores possíveis, poder ser você mesmo sem restrições com uma única pessoa, apertar a mão de alguém e se sentir seguro, fazer amor sem parecer vulgar, poder dizer sempre a verdade, rir da cara de todos, entrar sem roupas no mar em uma madrugada silenciosa e esplêndida, ter alguém em que confiar e depositar tudo de bom que há em mim, unir todos os sentimentos bons em um só, mudar a cada minuto, quero apenas, ser o que ninguém é, fazer o que ninguém fez, e amar como ninguém jamais amou.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Garota mudança. (Postagem especial. Feita também por LUCAS NEVES.)


Ela acordou, dessa vez não fez barulho, lutou para que não houvesse qualquer ruído, queria mesmo se sentir só, eram 04h47min da manhã, ainda estava escuro, olhou pela janela a chuva caindo, não via onde começava nem terminava, só conseguia ver algumas gotas pelo poste que pouco iluminava a sua rua, pensou como aquilo já fazia parte da sua vida, tinha convivido anos com a mesma paisagem, com as mesmas pessoas, com as mesmas manias, com a mesma rotina. De alguma forma aquilo a incomodava fortemente e indescritivelmente. Saiu da janela por um instante, sentou em uma poltrona, viu alguns vaga-lumes rodeando, não ligou hoje, como naturalmente ligaria nos outros dias. Foi até o seu armário, pegou algumas cartas de amigas, cadernos de anos passados, textos rabiscados, foi lendo cada um minuciosamente, lembrando de cada detalhe, de cada data, de cada jeito que com o tempo não mudou, percebeu que tudo era sempre a mesma coisa, as amigas, suas declarações, seus desenhos no fundo do caderno, suas brincadeiras, e aquilo a afetou como se alguém a tivesse dito todas as verdades em seus olhos. Ela adorava acordar a noite, ficar acordada até tarde, e quando o dia estivesse claro e lindo, ela pudesse dormir, assim não veria a briga dos pais, o stress dos irmãos, o latido do cachorro, as batidas de vassoura nas portas, a irritante programação da televisão a tarde, só assim, ela era quem sonhava ser. Mas hoje parecia um dia diferente, não por estar chovendo, por ela ter pego as coisas do passado ou por algo do lado de fora ter mudado, era dentro, dentro da razão e emoção.
O dia já ficava claro, não parava de chover, mas o sol apareceu, ela conseguia ouvir alguns pássaros gritando para que toda aquela água parasse de cair, pensou em deitar, mas não o fez, ficou ali mesmo na janela olhando cada detalhe ao amanhecer, cada som, cada ruído que ela não fez a noite, o tempo passava, ela não notava. Algumas portas se abriram, em qualquer outro dia ela correria para cama, pra não escutar a voz de ninguém pela manhã, mas hoje ela queria mudar tudo aquilo que ela havia cansado. Abriram sua porta, ela não olhou pra traz, ninguém a chamou.
Já passava das 9 da manhã, não havia ninguém em casa, ela fez a mala, pegou uma pequena mochila, colocou alguns doces, água, poucas roupas, a sua mesada de anos e uma corrente que guardava um violão, saiu, não sabe pra onde, mas saiu.
Ao chegar próximo a uma lanchonete, parou, comeu algo, olhou para cada rosto, riu consigo mesma, como ela havia mudado. Pegou um doce, e percebeu que uma garota sozinha a olhava o tempo todo, imaginou ser pelo seu cabelo preso com um rabo de cavalo, a franja de mau jeito, uma calça jeans mostrando um pouco sua peça intima, e uma regata, que acabava logo depois do seu umbigo. Ela era magra, tinha um corpo muito bonito para os seus 19 anos. A garota insistia em olhá-la, então levantou, pagou a conta e saiu, a menina dos olhares a chamou, ela foi até lá, a olhou estranhamente, perguntou por que a olhava tanto, a garota respondeu que a conhecia, via sempre ela na janela de madrugava, que morava quase em frente a sua casa, e nunca tinha visto ela por ali, por fim, perguntou seu nome, e ela respondeu que não tinha nome, mas poderia chamá-la de mudança, a menina sorriu, e disse que seu nome era Duda.
Duda ficou extremamente curiosa por não saber o nome da garota, e por que ela estava onde nunca a viu, perguntou o que ela estava fazendo ali, e ela respondeu que resolveu dar uma chance para ela mesma, para a mudança, havia saído de casa em busca de algo que não procurava. Duda decidiu acompanhá-la, e as duas, a pé, saiam em busca de algo que ainda não sabiam se procuravam.
Paravam em todos os locais que achavam interessantes, dormiam de dia, e ficavam acordadas a noite, árvores eram suas grandes camas, não perdiam nenhum detalhe do amanhecer, e nada do procuravam, encontraram.
Souberam que haveria uma festa antes de um vestibular em uma cidadezinha perto de onde estavam, decidiram seguir para lá, ao chegar, viram pessoas que jamais pensaram em existir, quase todos os garotos da festa flertaram com elas, menos um, que fazia apenas olhá-las, sem disfarçar.
Ao fim da festa, as duas foram até a praia, olhar o amanhecer como sempre faziam, e lá estava o garoto deitado na areia, olhando para o céu, esperando ansiosamente o nascer do sol, a mudança olhou, sorriu, Duda já havia deitado parecia cada vez mais feliz.
Quando o tempo parecia ter parada, o sol apareceu, e o menino tocou a sua mão, sorriu para ela, e disse “Sei que não é como as outras, você tem algo que me deixou demasiadamente encantado, não sei descrever”, ela sorriu, os três dormiram na areia.
Eram 10h00min da manhã, quando o garoto acordou, ela sentiu ele deixando sua mão, não abriu os olhos, e no seu ouvido ele disse “Você me mudou, quero te ver de novo, poder ao menos dizer tchau, para que eu possa voltar a minha rotina”. Como ela conseguiria mudar alguém em menos de um minuto?
Levantou, acordou Duda, disse que precisavam seguir viagem, dessa vez Duda replicou, não queria sair dali tão cedo, inventou que queria fazer o vestibular que iria ocorrer nos próximos 50 minutos, a mudança concordou.
Ambas fizeram o vestibular, e ao sair da cidade avistaram o menino com uma mochila nas costas dizendo que seguiria com elas.
E aí, o pequeno ancião as levou para trás da moita e fizeram um sexo louco. Mudança, agora se chamava Grávida e procurava emprego. Duda desistiu de seguir profissão, e acabou trocando de sexo e virando um travesti.
O pequeno ancião foi preso, e virou uma menininha na cadeia.


PS: Final feito por Lucas Neves, grande escritor.