sexta-feira, 19 de março de 2010

Incógnita.


Dois mundos, duas pessoas, um só coração e milhões de ações e pensamentos malucos mal formulados, onde estamos afinal? Isso faz sentido pra você? Por que pra mim não.
Sinto-me de forma transcendental aqui, mas ao sair e desligar esse espaço volto ao mundo anormal e ao caos de cada dia, amém.
Bem que poderia forçar minha mente e usar o individualismo e o subjetivismo para aguçar o meu senso de mistério, dessa forma viveria como quisesse, vamos dizer que no meu imparaíso perfeito, não como você sonha, ou como você consome, mas como você tem nojo de ver e medo de aproveitar, não que tenho que ser inigualável, ou diferente, mas como me sinto bem, com o que pode te fazer sentir um sentimento estranho e inaceitável, talvez por ser novo, e não se acostumar com o que nunca teve. Obrigado pelo seu mundinho, mas prefiro o meu sentimentalismo, a minha emoção sobre a minha razão, e a minha falsa felicidade, mas tudo isso sem o pessimismo, ou se encontrá-lo lutarei com ele, e se ele vencer, que bom pra ele, não será tão ruim pra mim, talvez não o sentisse de forma tão implacável, talvez os outros sim, mas duvido muito que isso aconteça, mas temos que ter uma hipótese afinal. Mas sem o individualismo e o subjetivismo, vou vivendo na minha realidade morta de encantos e viva de sonhos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O grito. (Por: Martha Medeiros)


Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.
Ela sabe.
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.
Ele sabe.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe em nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita.
Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar esse amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.
A verdade grita. Provoca febre, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona e finge esquecer. Mas há uma verdade única : ninguém tem dúvida sobre si mesmo.
Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz.
E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.
Eu não sei por que sou assim.
Sabe.