quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Jogo da avida.


Pediram-me romance ultimamente, mas geralmente conto o que vivo. E isso eu não tenho vivido, talvez por vontade, talvez por achar que não é o momento certo, talvez por não encontrar o que procuro, ou talvez por você já ter ido. Dava até pra fazer um belo jogo com a minha vida, vender pra crianças, mas acho que não, não seria educativo, poderia vender para adolescentes, mas esses preferem sites de relacionamentos. Pensando bem não seria algo com fins lucrativos, poderia doar tais joguinhos para quem não tem o que fazer e gosta de resolver questões de múltipla escolha. A maioria das questões seria sobre sentimentos e amor, as outras sobre filosofia de vida e problemas, seria um jogo difícil, envolvente, e chato se jogasse muito, no começo seria interessante e empolgante, depois ele seria deixado de lado, e lembrando em um dia de domingo chuvoso que não se tem nada pra fazer. Alguns até poderiam aprender algo novo, os de pouca ou muita idade não teriam prazer nenhum em jogar, os apaixonados olhariam apenas as respostas, os cansados apenas as perguntas, os curiosos jogariam até a metade, e os desacreditados viciariam. Pensei até em um nome, “jogo da avida”, o “a” na frente do “vida” seria de negação, e com o tempo que fossem jogando, o “a” sumiria, e passaria a se chamar “Jogo da vida”, e logo abaixo em letras pequenas estaria escrito “aquele que só se entende quando se termina de jogar”. Não arrecadaria nada com isso, acho até que ninguém o jogaria até o final, parece chato e misterioso demais para se continuar, mas ficaria feliz se alguém realmente o jogasse até o fim e descobrisse o que vem sendo escondido desde o começo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O ninguém que me acompanha.


Eu pensei em você hoje, pensei em você comigo, eu pensei em não pensar, mas pensei. Eu disse não dizer seu nome, mas disse, disse ele em alto e bom tom, para que o ninguém que estava comigo, ouvisse e se afastasse apenas com o tom que pronunciei, ele tem estado comigo em todo lugar que vou, em todos os lugares que passo, tem se tornado íntimo, não ligo mais em estar descabelada na frente dele, em acordar e lhe dar bom dia com cara de cansada, em me vestir e pedir a sua opinião, em deixar que ele escute minhas conversas, ninguém tem sido uma ótima companhia ultimamente, as vezes me divirto com ele, até fico feliz! Ele tem me ouvido, mesmo sem dizer uma palavra eu sei que ele me entendeu, nunca ouvi sua voz, mas parece ser doce e suave, nunca o senti, mas parece ter uma pele macia, nunca o vi, mas só por ele estar comigo o tempo todo o imagino o mais belo que nunca vi na vida, hoje eu o provoquei, e ele insiste em continuar comigo, eu disse o seu nome, ele saiu, acho que chorou, não senti remorso, mas depois de algum tempo ele voltou, eu ri com ele hoje, ele tem me servido bem. Cá entre nós, acho que ele tem medo de você, quando penso em você, apenas penso, ele sai, vai dar uma volta, mas logo retorna, quando digo seu nome baixinho, ele some, e quando grito por você, ele demora pra voltar, as vezes sinto a falta dele, mas prefiro você. Ontem eu o procurei, queria desabafar, só faço isso com o ninguém, ele me pareceu ter sumido, o procurei, e quando todos saíram, ele voltou, deve ter ido comer, nunca o vejo se alimentando, mas sempre o vejo forte, ele sentou ao meu lado, tocou a minha mão, sugou toda a minha tristeza, eu me senti bem depois disso. Quando estou com ele, penso mais nas coisas, acho que é por que só ninguém me entende, ele adora o meu quarto, assim como eu, ele parece me imitar, mas eu nem ligo, até gosto, mas isso apenas nele, só escrevo ao lado dele também, isso me dá forças, acho que ninguém toca a minha mão e me passa isso. Ele me deixa bem, mas só entre você e eu, o ninguém não me faz tão bem como você.