quarta-feira, 24 de março de 2010

Procura-se o ânimo.


Eu tenho procurado a alegria de ser, os estado sólido de viver, a forma feliz de encarar e a capacidade necessária para seguir. Acho que tudo isso se foi, junto comigo mesma, talvez ainda esteja por ai, ou foi assassinada por algum serial killer, que jogou os restos mortais em alguma lata de lixo de qualquer avenida pouco movimentada. O ânimo não me parece mais fazer companhia, às vezes me incomodo, às vezes nem sinto falta, alguns de vez em quando perguntam por ele, e eu como sempre nunca sei onde ele se enfiou, e decido responder que ele foi dar uma volta, mas que retorna já já, mas ele parece ter se perdido por ai, e não consigo encontrá-lo, já espalhei cartazes com recompensa, mas ninguém o encontra, já recebi telefonemas com proposições de onde ele se encontra, mas tudo falso, nada de verdades por enquanto, e com tantas notícias pouco verdadeiras, eu uma vez ou outra, ou quase sempre, penso em desistir de encontrá-lo, mas a sua companhia me faz falta, e volto a lembrar dele, e as esperanças ainda continuam vivas, ou talvez já tenham morrido, e eu não percebi, não cheguei a ver seus pulsos, talvez por medo de saber a verdade. Não posso mentir dizendo que as vezes não digo falsas verdades para os que perguntam do ânimo, as vezes o finjo ter, para evitar especulações, mas não consigo fingir por muito tempo, e lá vem as pessoas de novo perguntando por ele, as vezes não parecem me notar, mas com certeza o ânimo eles não esquecem, e na verdade, eu ligo sim, por que eu estou lá, pode não parecer, mas estou. E se for pra fazer um apelo pra ele voltar, aqui está: Tenho andado sem ânimo, mas não sem vida, mas sei que os dois se complementam, e então ânimo, cadê você? Falta-te coragem pra voltar, ou te sobra medo pra não seguir?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Volta tardia.


Ando me sentido diferente ultimamente, meio estranha e atordoada com as coisas, distante e perto demais das inutilidades. Tenho parado pra reaver meus atos, e sei que tenho sido o que não deveria ser, tenho tentado e falhado nos meus atos impensados e impulsionais a todo tempo, mas me envolvi tanto com quem me tomou que não consigo retornar ao caminho de volta, o caminho no qual temia entrar e reprimia o tempo todo, e que agora me toma, me sucumbe, me engole friamente, me deixa cada vez mais ligada, e presa a ele, e dessa vez estou sem argumentos, sem idéias brilhantes, sem formas exatas de sair desse eu que não sou. Tento me dizer o quanto estou errada, o quanto o mal vai me fazer mal, e o quanto tenho me privado de progredir, mas minha fala foi vetada, ignorada e culpada pelos réus que me julgam, réus aqueles que me colocaram nesse caminho sem volta, e que agora são donos de mim, e que tenho medo de me livrar deles, por que me tornei dependente do que temia, e a dor agora me faz rir, e chorar quando ela acaba, percebendo assim o quanto a dor dói, e o quanto ela é necessária para o bem mais tarde. Sei que um dia sairei disso tudo, mas essa saída pode ser tarde demais para uma nova entrada.